Um dos mitos mais frequentes na vida de uma empresa familiar está relacionado com a ideia de que todos os problemas da família empresária ficam resolvidos no momento em que esta assina o Protocolo Familiar.

Protocolo Familiar uma marca registada da efconsulting

Protocolo Familiar uma marca registada da efconsulting

Pelo contrário, o documento não é uma solução final, mas sim a abertura de um caminho para o futuro, um processo que implica mudanças estruturais e desafios exigentes com que se terá de lidar.

O que nem sempre se compreende ou antecipa são as dificuldades que a empresa familiar vai encontrar assim que tiver desenhado no papel o que quer para o seu futuro. As pessoas costumam centrar-se no desenho do futuro que gostariam de alcançar e esquecem-se do caminho que é preciso percorrer”, analisa António Nogueira da Costa, sócio fundador da EFConsulting em Portugal.

As dificuldades a encontrar podem ser de variada ordem. “O fundador ou líder que quer ceder o testemunho pode ver como obstáculo a falta de rodagem dos sucessores face à velocidade dos acontecimentos, a relação entre os membros da geração seguinte que dirigem a empresa e os que não participam pode ser delicada (o que obriga a gerir os fluxos de informação) e os colaboradores habituados a um determinado estilo de direção e tomada de direção estarão mais avessos à mudança nos primeiros tempos”, enumera o consultor.

Tratam-se de questões que requerem um determinado tempo de aprendizagem e treino. António Nogueira da Costa estima que, em média, uma empresa leva um mínimo de dois anos antes de ter a sua nova maquinaria oleada e em correto funcionamento depois de ter estabelecido o Protocolo Familiar. “Durante esse período difícil, que podemos chamar de ‘tormenta sucessória’, existe o perigo de perder a visão do futuro sonhado e a ilusão de alcançar, por sermos ultrapassados pelos problemas a curto prazo”.

Deste modo, importa que o desenho do processo reflita de forma clara os problemas passíveis de serem encontrados e quais as ferramentas de ajuda para os resolver. Um sistema de direção por objetivos como ajuda à necessária mudança cultural e a incorporação de um Conselheiro Independente que faça de catalisador das relações pessoais entre os membros da geração seguinte, são possíveis soluções. Além disso, os conselhos de outros empresários familiares que passaram pelo mesmo pode ser uma ajuda de extrema importância.

Como o Protocolo Familiar está para a família empresária como a Constituição está para um país, este não é um colete de forças imutável para todo o sempre. Nunca está definitivamente terminado ou encerrado, devendo mesmo considerar os meios pelos quais pode ser revisto, quer seja via uma análise periódica (normalmente 5 a 10 anos), quer em alterações pontuais que sejam consideradas relevantes.

Conhecer e tomar consciência da sua importância, e de como desenvolver e implementar um Protocolo Familiar são ações que qualquer família empresária deve assumir como essenciais à sua sustentabilidade e continuidade futuras”, conclui António Nogueira da Costa.

 

Artigo integrado no âmbito da conferência“Protocolo Familiar: O acordo de família e os instrumentos jurídicos de suporte”de que a efconsulting é coorganizadora, e decorre no Europarque de Santa Maria da Feira no dia 3 de março de 2016

 

 

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