As Pessoas Sabem que Compram a Empresas Familiares e fazem-no de forma deliberada.

A vivência em sociedade levou à passagem de uma economia de consumo da produção própria (auto-suficiência) para uma economia em cadeia, na qual as pessoas dependem da compra de centenas de produtos ou serviços para a sua sobrevivência ou bem-estar.

Este movimento, de quase independência dos núcleos familiares para um funcionamento em rede, de grande interligação e dependência, apresenta vantagens – como a da especialização que potencia mais produtos a menor custo – e desvantagens – sendo a principal a quase impossibilidade de sobrevivência autónoma -, é o modelo sobre o qual estão construídas a maioria das sociedades nos países desenvolvidos (ou em desenvolvimento).

O estudo “Edelman Trust Barometer 2017. Special Report: Family Business” desenvolvido pela Edelman, em 2017, perguntou aos participantes se, aquando da aquisição de produtos a entidades, reconheciam a sua caraterística de ser uma empresa familiar.

Dos 12 países participantes, sobressai que:

  • As pessoas da Europa são os que menos reconhecem: 40%, com exceção da Itália (56%);
  • Os asiáticos são os que mais reconhecem: cerca de dois em cada três;
  • Os países da América (em sentido lato): cerca de metade dos clientes.

A expressividade dos números permite salientar que ser – e dar a conhecer – uma sociedade controlada por uma família empresária é fator de reconhecimento, o que se pode transformar numa vantagem comparativa. Destaque-se que existem determinadas áreas de negócio, como costuma ser a da alimentação, onde esta característica familiar é deveras valorizada.

Estando muito distante de se assumir que basta ser empresa familiar para se ter sucesso, pretende-se, no entanto, salientar que, se esta singularidade for devidamente comunicada, a mesma pode ser vantajosa para a organização.

Michael Neumann, então acionista e gestor da Neumann Gruppe (Alemanha), convidou as empresas familiares de café Lavazza (Itália), Löfbergs (Suécia), Paulig (Finlândia) e Tchibo (Alemanha) para formar uma organização que preencheria uma lacuna na indústria e abordaria as questões que a preocupam.

Compartilhando os seus valores fundamentais, estas empresas familiares foram pioneiras num conceito inovador, constituindo uma entidade corporativo democrática, sem fins lucrativos, que, em 2001, foi oficialmente estabelecida como ICP – International Coffee Partners GmbH (sociedade equivalente a uma Lda).

Nos anos seguintes juntaram-se mais três empresas familiares: Joh. Johannson Kaffe (Noruega), Franck (Croácia) e Delta Cafés (Portugal).

Aquando desta adesão, a presidente da ICP, Kathrine Löfberg, destacou o facto de a Delta ter “um longo historial de apoio ao desenvolvimento da sociedade em Portugal e no estrangeiro” e, Rui Miguel Nabeiro, salientou que “este é um projeto que possui os valores próprios da família, o cuidado com a sociedade e o cuidado com o café”.

A ICP tem desenvolvido ações relevantes, em especial dedicadas à sustentabilidade do setor:

  • abordagem dos desafios impostos pelas mudanças climáticas levando à criação da iniciativa para coffee & climate;
  • contribuindo com meios financeiros e as suas paixões para a transformação sustentável do setor cafeeiro nas regiões e países;
  • abordando os problemas enfrentados pelos pequenos produtores de café em todo o mundo.

O trabalho da ICP desenvolve-se em sintonia com 9 dos 17 objetivos de desenvolvimento e sustentabilidade (ODS) das Nações Unidas.

Temas para Reflexão:

  • Em que é que a nossa empresa familiar é diferente das outras entidades?
  • De que forma esta diferenciação se reflete nos nossos produtos ou nas nossas práticas?
  • Como podemos comunicar estas singularidades ao mercado?
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