Distribuir dividendos ou investir? Um dos grandes dilemas dos gestores duma empresa familiar.

9. Quando o meu pai faleceu, a posição acionista passou a ser detida de forma igualitária de 15% para cada um dos 4 irmãos e 40% pela nossa mãe. Só 2 dos irmãos trabalhamos e conduzimos o negócio. A empresa tem estado a evoluir muito bem e pretendemos continuar a crescer, só que para isso são necessários investimentos que implicam continuar sem distribuir dividendos pelo menos nos próximos 6 a 8 anos. Como explicar esta situação aos acionistas?

A sua questão engloba um grande dilema das empresas da riqueza: investir para criar mais ou distribuir? A divisão acionista apresentada gera duas distintas perspetivas que, se não forem devidamente compreendidas, podem parecer antagónicas:

  1. A dos que trabalham e lideram na empresa, da qual recebem obviamente o seu ordenado, que acreditam e pretendem a sua evolução como forma de gerarem mais valor.
  2. A posição dos acionistas não trabalhadores que, apreciando também que a empresa cresça, apreciam ver algum rendimento periódico do seu investimento via dividendos.

Neste contexto, no qual são estes últimos quem realmente decide a política de distribuição de resultados, quem lidera a empresa tem a responsabilidade de apresentar aos acionistas um plano de crescimento e rentabilidade com várias alternativas de política de investimentos:

  • Financiada com resultados: implica não distribuição de dividendos a curto prazo em contrapartida de o fazer a longo prazo (aumento significativo);
  • Financiada com capitais de acionistas: aumento de capital subscrito por quem desejar (e possibilidade de quem gere aumentar a sua participação);
  • Financiada com capitais externos: recurso à banca como contrapartida de juros;
  • Uma combinação de alguns ou até todas as alternativas.

Com esta informação todos ficam elucidados e partilham a responsabilidade da decisão, o que obviamente será uma situação muito mais confortável e redutora de conflitos com os que gerem a empresa, em especial se os cenários previstos não se concretizarem como planeado.

 

Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 31 de janeiro de 2016

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