Em mais uma fantástica conversa sobre liderança, dinamizada pelo João Quintela Cavaleiro, nas “conversas que criam valor” no podcast “por caminhos direitos“, agora com Pedro Rocha e Melo, administrador da José de Mello, da CUF, da Bondalti e pai de 4 filhos, destaco a dimensão humana refletida no papel do líder enquanto gestor do desenvolvimento e facilitador de oportunidades às pessoas e o voluntariado.

Ainda a terminar a licenciatura em engenharia mecânica no Técnico, Pedro Melo decidiu inscrever-se no MBA que se iniciava na Nova, direcionando a sua formação para a área da gestão.

Inicia a sua carreira profissional na Bolsa de Valores de Lisboa (em 1986/7 só existiam 4 corretores e só se formava preço uma vez por dia!!!).

Do mercado de capitais passa à banca de investimento e, em 2000, integra o grupo Mello que se reorganizava e relançava com as privatizações. Foi com o incremento da participação na Brisa que, em 2002, integra a sua administração até ao anos 2020.

Em paralelo com o seu papel de gestor surge também o de voluntário e de promotor de voluntariado nas empresas. Lidera o programa de voluntariado do grupo José de Mello, transversal a todas as empresas, salientando que nessas ações “conhecemo-nos a nós próprios e aprendemos muito“.

A sua experiência e a de outras pessoas ligadas é a de que no voluntariado se ganha mais do que aquilo que se dá.

Das muitas que terão oportunidade de escutar, destaco duas grandes reflexões/práticas do Pedro Melo sobre o papel dos líderes:

  • “As principais decisões e aquilo que eu hoje em dia mais valorizo e onde mais trabalho é na atração de pessoas, são nas decisões relacionadas com as pessoas, é contratar bem pessoas, desenvolver essas pessoas, acompanhá-las, trabalhar com elas, aprender com elas …”
  • Foi neste processo de crescimento, no trabalhar em equipa, no trabalhar nas empresas que comecei a compreender que nós não somos nada sem os outros e que a nossa principal missão como líderes é principalmente desenvolver os outros, dar-lhes oportunidades.

Ao desafio do João Quintela sobre o que é trabalhar numa grupo familiar, o Pedro Melo destaca que é muito marcante:

  • “… considero que os grupos familiares, as empresas familiares, são um ativo muito importante na economia dos países. Hoje em dia é um tema que está bastante estudado, há trinta anos quando eu estudei havia algum preconceito negativo relativamente às empresas familiares, a ideia que seriam menos profissionais … mas os estudos hoje revelam a importância dos grupos e das empresas familiares e portanto por exemplo aqui na Europa, em França e na Alemanha, a pujança da economia francesa da economia alemã assenta em empresas familiares. Se vamos para a América do Sul por exemplo que eu também conheço, para a América Latina, a pujança dessas economias vêm de empresas familiares, portanto e eu tenho essa experiência concreta. 
  • Porquê?
  • Em primeiro lugar porque as famílias trazem a sua cultura e os seus valores para as empresas e nós sabemos hoje em dia a importância que a cultura e que os valores têm no sucesso das empresas, na coesão das empresas, na coerência daquilo que é feito e, portanto, isso é um ativo importantíssimo;
  • e o segundo … tem a ver com a visão de longo prazo, o investimento de longo prazo, as famílias investem para deixar para as gerações seguintes.

 

O grupo Mello vai para a quinta geração “com imensa unidade, com imensa coesão e com um conjunto de valores que são extraordinários.”

Esta conversa, que acredito vai desejar escutar na sua plenitude aqui, termina com duas palavras que o Pedro Melo considera serem muito importantes na sua vida profissional: coragem e humildade.

  • “a necessidade de ter coragem para aceitar correr riscos, para confiar nas pessoas, para delegar nas pessoas é preciso coragem para o fazer, coragem para ajudar as pessoas nas situações de fracasso e de insucessos que acontecessem muito, é muito importante aí assumir as responsabilidade os líderes tem que assumir essa responsabilidade, isso é marcante portanto quando nas situações difíceis nós assumimos as nossas responsabilidades e chegamos à frente e protegemos as pessoas”
  • “a humildade de escutar, a humildade de saber que temos que apreender também com os outros, a humildade de servir, no fundo liderar é muito servir.”

Felicito o João Quintela Cavaleiro por esta entrevista e aconselho a assistirem à totalidade da conversa que, certamente, apreciarão tanto quanto eu.

 

 

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