Porque será que as pessoas estão disponíveis para Pagar Mais por Produtos de Empresas Familiares? 

O segredo da sobrevivência de um negócio é conhecido de todos os empresários: ou satisfazes continuamente os clientes ou rapidamente “já eras”.

Sendo este axioma conhecido por todos, e assumindo também o postulado que um dos grandes objetivos dos empresários é assegurar a perenidade da sua empresa, o insucesso chega muitas vezes pela má interpretação dos desejos dos consumidores. Uma dessas erróneas leituras tem a ver com o dogma de que o cliente quer pagar o mínimo possível pelos produtos que lhe permitem satisfazer as suas necessidades.

O estudo “Edelman Trust Barometer 2017. Special Report: Family Business” desenvolvido pela Edelman, em 2017, salientou que dois terços dos inquiridos está disponível para pagar mais por produtos quando identificam que os mesmos têm origem em empresas familiares.

As famílias que atribuem e suportam declaradamente os seus negócios geram uma perceção global de confiança, por parte dos seus clientes e restantes stakeholders, que justificam esse “prémio” quantitativo no preço dos seus produtos.

Assumir estas singularidades e comunicar de forma adequada a sua natureza, pode ser uma vantagem comparativa das empresas familiares que não deve ser negligenciável.

A Quinta do Poial, em Vendas de Azeitão, surgiu em 1987 pelas mãos de Maria José Macedo. Depois de uma experiência de agricultura comunitária, na segunda metade da década de 70 e de uma incursão na sua área de formação – economia – em Paris, em 1987 regressou e, num espaço de cerca de 1,5ha, a economista virou “agricultora por paixão, em modo biológico por convicção”.

Encontrou um nicho de mercado nos mini-legumes, ervas aromáticas e flores comestíveis, produtos de que se orgulhava de ter sido pioneira em Portugal.

A inovação e a diversidade conquistaram vários chefes de restaurantes famosos da zona de Lisboa.

Em maio de 2016, com o falecimento inesperado da mãe, Joana Macedo, conhecida como atriz com nome de família Sarrazy do pai francês, ou como gestora do Collector’s Hostel, em Braga, instalado na casa de família onde nasceu, deixou o mundo das artes e tornou-se agricultora de rompante. Um processo de sucessão relatado na 1ª pessoa “No sábado a minha mãe foi cremada, na segunda eu estava na quinta. Não tive tempo para pensar. Caiu-me em cima.” (fonte: Os tomates delas dão muitas histórias, 2018/10/11, delas.pt).

Hoje Joana produz 60 variedades de tomate, continua a descobrir legumes e o reconhecimento chega pelos muitos chefes, nomeadamente os estrela Michelin, que procuram produtos diferentes, variedades que não são produzidas em Portugal, variedades antigas caídas em desuso, etc.; ou seja, qualidade e diferenciação.

Temas para Reflexão:

  • Que características associadas à génese familiar diferenciam a nossa empresa da concorrência?
  • Os clientes reconhecem essas particularidades e atribuem-lhes valor?
  • Como comunicar a singularidade de ser empresa familiar de forma a gerar vantagens comparativas?

 

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