Em tempos de poucas palavras, dialogar é essencial. E, para isso, é preciso ouvir e refletir sobre a opinião do outro. Por isso, nesse artigo conversamos sobre a importância do diálogo e do saber ouvir.

Já falamos o quanto a oferta cada vez maior de aplicativos, aparelhos e tecnologias tem-nos isolado, fazendo com que a troca de opiniões, a fala e a escuta se tornem cada vez mais raras. E retomar essa frequência é fundamental para o desenvolvimento de relações saudáveis, tanto na família quanto no ambiente profissional.

Importância do diálogo e do saber ouvir no filme “Dois Papas

Essa é uma das propostas do filme Dois Papas, do cineasta brasileiro Fernando Meirelles, lançado pelo Netflix. Na história, que se passa em fevereiro de 2013, Josef Ratzinger (Anthony Hopkins), o Papa Bento XVI, recebe a visita do cardeal argentino Jorge Bergoglio (Jonathan Pryce), para uma conversa durante sua estada na Vila Pontifícias de Castelgandolfo, residência de férias próxima de Roma. Naquele mesmo mês, Jorge foi escolhido para suceder a Bento XVI, após sua renúncia, tornando-se o Papa Francisco, atual líder da igreja católica.

Para construir esse diálogo ficcional entre os dois sacerdotes de linhas filosóficas opostas, o roteirista Anthony McCarten utilizou textos publicados por ambos para compor suas falas. Com isso, os papas apresentam suas opiniões a respeito de temas polêmicos dentro da Igreja, como a comunhão para divorciados, os relacionamentos homoafetivos, o aborto e o apoio a governos. São temas delicados e sobre os quais eles discordam.

Entretanto, Meirelles nos apresenta no filme dois homens que estão dispostos, primeiramente, a ouvir de modo empático o que o outro tem a dizer. Ao falar sobre religião, fé, renúncias e trabalho, cada um tem a vez e a voz para emitir a sua opinião e é prontamente ouvido pelo outro. Essa troca de impressões mostra o quanto os dois personagens se permitem aprender e crescer.

Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, Meirelles destaca que é essa escuta atenta e empática de um pelo outro que torna possível a tolerância, essencial para os dias em que vivemos.

Anthony Hopkins e Jonathan Pryce

“Esse (tolerância) foi o tema que mais me interessou. O filme toca em outros temas. Mas este é o que mais me interessou… Todo mundo está vivendo isso. Aqui no Brasil, a gente sabe bem como está essa questão da intolerância. Você não querer ouvir o outro. Você se agarra no que você acredita e perde a capacidade de escutar. Tem uma frase do filme que eu adoro. O Bento XVI fala para o Bergoglio: eu não acredito em nada do que você diz, eu não gosto de nada do que você faz, mas por alguma razão eu acho que você está certo, que esse é o seu momento. Quer dizer, isso é o máximo de tolerância. Eu posso discordar de alguém, mas não apenas tolerar como também dizer: tenta do seu jeito que do meu não está dando certo. Então tem esse espírito. Cara, desarma um pouquinho e tenta ouvir o outro. Dê uma chance”, afirmou o diretor.

Nota 1: A comunicação, como elemento mais amplo e abrangente do diálogo, é uma das maiores dificuldades referidas nas empresas e nas famílias empresárias, pelo que incrementar a capacidade de escuta é contribuir para a redução de conflitos e a coesão de projetos conjuntos.

Nota 2: A palavra diálogo provém do vocábulo grego diálogos por intermédio do vocábulo latino dialogu-. A palavra original grega foi formada pelo elemento dia-, que significa «por intermédio de», e por logos, que significa «palavra». No conjunto, a palavra grega diálogos significa «conversa» e «conversação». in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/a-origem-da-palavra-dialogo/22161 [consultado em 03-03-2020]

Este artigo tem origem na publicação do Instituto Sucessor, em 16/01/2020, uma empresa brasileira de se dedica à formação, consultoria e divulgação de conhecimento relacionado com as famílias empresárias, e com quem efconsulting tem partilhado informação e experiências.

 

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