No âmbito do Grupo de Trabalho das Empresas Familiares, a NERLEI – Associação Empresarial da Região de Leiria realizou no dia 28 de janeiro de 2020, um almoço temático sobre “A importância dos Fundadores nas Empresas Familiares“.

A génese de uma empresa familiar está, na maioria das vezes, ligada a uma pessoa, casal ou irmãos que, movidos por um “espírito” empreendedor, decidem avançar com um determinado negócio e constituir uma sociedade. Esta é considerada a 1ª geração ou geração fundadora duma organização familiar.

A importância dos fundadores nas empresas familiaresCom a evolução do tempo e o desenvolvimento do negócio e da família, surge a necessidade de se preparar a sucessão destes empreendedores, existindo uma grande vontade de que a mesma seja assegurada dentro da própria família.

Neste evento, a NERLEI desejava abordar a importância desta geração numa dupla perspetiva: na voz de um empresário e na perspetiva de um especialista na área, para fomentar a partilha de experiências dos assistentes.

A iniciativa contou com as intervenções de António Nogueira da Costa, especialista em Empresas Familiares e CEO da efconsulting, e de José Nicolau, fundador da NIGEL – Congeladora José Nicolau, Lda.

O primeiro interveniente, sob o o lema “Assegurar a eternidade da empresa familiar para garantir o bem-estar da Família”, apresentou 30 grandes desafios enfrentados pela geração fundadora:

  1.  Manter a empresa continuamente competitiva
  2. Escapar à fatalidade dos números: 45% das empresas morrem nos 2 primeiros anos de atividade
  3. Assumir decisões sob o dilema da racionalidade ou da emoção
  4. Gerir os familiares na sua relação com a empresa (da contratação ao despedimento)
  5. Atribuir as funções adequadas ao perfil de cada familiar
  6. Enfrentar a característica egoísta dos familiares que só pensam no “eu”
  7. Gerir os recursos da empresa com opinião da família
  8. Evitar a promiscuidade de alocar gastos da família à empresa
  9. Trabalhar em equipa
  10. Transitar da ditadura (o que eu quero) para a democracia (um voto por cabeça) nas decisões nos órgãos de gestão
  11. Coordenar equipas com perfis de pessoas muito distintos
  12. Assegurar a empresa que se vai passar à nova geração não está já moribunda
  13. Confiar nos mais novos e consciencializá-los para a experiência dos mais velhos
  14. Identificar quem poderão os potenciais sucessores
  15. Preparar a sucessão na liderança
  16. Implementar a sucessão na liderança com pessoas competentes
  17. Assegurar a coexistência intergeracional na empresa
  18. Definir uma data e entregar definitivamente o testemunho (não “um dia destes”)
  19. Ensinar os potenciais futuros sócios a serem acionistas
  20. Definir uma política de dividendos (é necessário remunerar o capital)
  21. Não desejar que a herança seja “aquilo que os mortos deixam para que os vivos se matem”
  22. Atender ao sentimento de justiça na sucessão na propriedade
  23. Planear e implementar os planos de sucessão acordados
  24. Gerir a vontade de igualdade (as mesmas oportunidades) versus a de equidade (oportunidades adaptadas para serem justas)
  25. Assegurar que os sucedidos definem um plano de vida pessoal para além da empresa
  26. Profissionalizar a família empresária desenvolvendo um protocolo familiar
  27. Transformar os acordos de cavalheiros em vínculos jurídicos
  28. Definir quando se tem de começar a atuar (amanhã pode ser tarde)
  29. Consciencializar que diferentes perspetivas podem originar distintas e válidas verdades
  30. Comunicar de forma assertiva – o importante é a mensagem que o outro perceciona.

O empresário José Nicolau falou da sua experiência de vida desde a ligação ao negócio com os seus pais (cada um com diferentes perspetivas relativamente à forma de lhe dar independência de atuação), até à sua atitude e ação no envolvimento dos seis filhos na preparação da continuidade da empresa nas mãos da Família. Considera-se um empresário realizado por ter conseguido, para além de um negócio competitivo, desenvolver um acordo familiar e manter a família – todos os dias na mesa de sua casa almoçam a 1 ª, 2ª e 3ª gerações.

As famílias empresárias presentes, com elementos de várias gerações, foram muito interventivas e partilharam as suas próprias experiências, criando um ambiente de franca partilha e que ilustra o grande objetivo Direção da NERLEI para estes grupos: refletir e agir sobre matérias transversais e relevantes para a prossecução da sua missão – prestar serviços úteis que contribuam positivamente para os resultados alcançados pelas empresas associadas, fortalecendo o tecido empresarial e promovendo o desenvolvimento económico e social da região de Leiria.

Temas para Reflexão:

  • Estamos disponíveis para participar em iniciativas práticas ligadas às empresas familiares?
  • Até que ponto refletimos sobre os assuntos elencados e os abordamos na nossa família?
  • Quando vamos enfrentar estes desafios? (um dia destes?)

 

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