A Idade da Empresa Familiar e a Geração na Liderança permitem identificar caraterísticas interessantes relacionadas com os negócios familiares.

Ao assegurar a continuidade da empresa familiar está-se a propiciar uma tendência para o surgimento de sociedades centenárias e, consequentemente, de gerações familiares cada vez mais duradoiras.

Um dos fatores demográficos que está a ter impacto nas empresas familiares é a esperança média de vida. Em Portugal, à data de 2009, a esperança média de vida à nascença era de 76,3 e 82,4 anos, homens e mulheres, respetivamente, tendo crescido 6,7 e 5,7 anos relativamente a 1991 (8,8% e 6,9% em 18 anos).

O estudo “Global family business survey 2019” desenvolvido pela Deloitte, em 2019, recolheu a antiguidade da empresa e identificou qual a geração familiar da pessoa que respondeu ao inquérito (normalmente um elemento da gestão executiva), permitindo duas livres intuições:

  • mais de 13% das empresas são centenárias e encontram-se na 4ª ou superior geração: uma geração mais do que as estimativas de mortalidade apontadas genericamente à 3ª geração;
  • o incremento da esperança de vida leva a um sentimento de melhores condições físicas e, consequentemente, uma ligação profissional à empresa acrescida à idade normal de reforma.

Estas simples associações indiciam que o período de coexistência geracional a trabalhar na empresa se vai dilatar, podendo em breve considerar a sobreposição de 3 gerações ativas no negócio. Esta ocorrência vem relevar ainda mais a importância de todos se prepararem para a convivência geracional de pessoas com perfis que se podem mostrar muito distintos, nomeadamente quanto à predisposição para assumir riscos empresariais.

Desde o século XIX que a família Symington, de origem britânica e portuguesa, vive e trabalha em Portugal. A componente empresarial sobressai via Symington Family Estate, assumindo-se como um dos maiores produtores mundiais de vinho do Porto premium e o principal proprietário de vinhas no Alto Douro históricas e emblemáticas: Quinta do Vesúvio, Malvedos, Bomfim, Cavadinha, Senhora da Ribeira, etc., num total de 26 quintas com 1.024 hectares de vinha.

A empresa, na qual trabalham 10 membros da família, é gerida pela 4.ª e 5.ª gerações Symington, tendo a sua génese em Andrew James Symington e a sua vinda para Portugal em 1882, com 19 anos. Depois de um curto período na Graham’s iniciou uma carreira independente como produtor de vinho do Porto. Em 1891, casou-se com Beatrice Leitão de Carvalhosa Atkinson, nascida no Porto, cujo avô era produtor e exportador de vinho do Porto desde 1814 e cuja mãe, portuguesa, era descendente dos mercadores pioneiros de vinhos no século XVII. Esta 5.ª geração de Symingtons possui, através da tataravó materna, uma linhagem que remonta 14 gerações – a 1652 – e aos primórdios da longa história do vinho do Porto.

As gerações atuais estão comprometidas em produzir os melhores vinhos do Porto, em desenvolver as conquistas das gerações anteriores e em continuar a promover a evolução da Symington Family Estates, com vista a enfrentar os desafios e oportunidades que se apresentarão nos próximos anos. Os primeiros membros desta 5ª geração, a juntaram-se ao negócio, adquiriram experiência e competências noutras áreas e, como muitos dos primos, trabalharam nas vinhas ou nos centros de visitas nos períodos de férias, apreendendo os negócios da família desde a sua raiz.

A 6.ª geração já possui elementos que fazem parte da dinâmica familiar, desfrutando das alegrias de uma infância passada entre o Porto e as colinas e vinhas do Douro, permitindo que sintam e se imbuam no seu espírito e se prepararem para receber e dar continuidade ao legado da família empresária.

Temas para Reflexão:

  • A nossa visão está associada a uma continuidade da empresa em mãos da família?
  • Estamos a preparar a evolução paralela do negócio e da família empresária?
  • Os membros da família estão cientes da importância e relevância deste contínuo legado?

 

Tags: , , , , , ,