Na empresa passamos a vida a discutir por tudo e por nada. Nota-se uma tensão crescente que já afeta os encontros familiares. Alguns de nós já se questionam se a empresa familiar não será uma fonte de problemas que prejudica as relações e a saúde de quem nela trabalha. É normal isto acontecer?

É provável que em algum momento todos os empresários detentores de empresas familiares se tenham questionado desta maneira e posto em causa o seu projeto empresarial.

Mas quem não tem dúvidas em relação às suas principais opções de vida?

Temos de ter presente que existe uma relação direta entre os níveis de proximidade e familiaridade das pessoas e a carga emotiva subjacente às suas relações. Por outro lado, o projeto empresarial implica uma grande entrega por parte de quem nele participa, pressupõe a tomada de decisões difíceis e, naturalmente, também se traduz num jogo de poder em que as expetativas de cada um são constantemente postas à prova.

Esta permanente tensão é também um dos elementos aos quais os sócios da empresa familiar, a família empresária e os gestores da empresa deverão estar atentos e saber “monitorizar”, por forma a que seja uma base potenciadora das relações e do sucesso empresarial e não um fator de entropia e desconexão.

Por isso é fundamental estabelecer mecanismos de antecipação e resolução de conflitos, desenvolver práticas de comunicação assertiva, baseadas na empatia e na capacidade de escuta.

Garantir a união da família em torno do negócio familiar e a perenidade da empresa não é uma tarefa fácil e está sujeita a muitos e constantes desafios. A família empresária é chamada também a parar e pensar na forma como tem gerido e pretende salvaguardar estes objetivos.

É por isso que a conceção e elaboração de um Protocolo Familiar constitui não apenas a construção de uma ferramenta “regulamentar”, mas é um processo que leva o seu tempo e no qual todos os participantes vão apurando as suas ideias, expetativas, dúvidas e ansiedades, se vai estabelecendo pontes de diálogo e remissão de conflitos, se estabelecem linhas de organização e comunicação que são base da recuperação e consolidação da confiança entre todos.

 

Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 27 de julho de 2018

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