As Famílias Empresárias são o pilar essencial da Suinicultura nacional e caraterizadas pela enorme paixão das pessoas pelo negócio.

Muitas das áreas de negócio ligadas ao setor agroalimentar são desenvolvidas por famílias empresárias e, na sua evolução ao longo dos tempos, por empresas familiares.

O 9º Congresso Nacional da Suinicultura decorreu em Rio Maior, nos passados dias 8 e 9 de maio, e sob uma filosofia distinta dos anteriores. Nesta edição a Direção da FPAS (Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores) decidiu não se focar tanto em matérias técnicas do setor e desenvolveu uma linha de intervenções de certa forma fraturante, na medida se pautou por temas mais virados para as tendências que poderão moldar o futuro do setor.

Surgiram assim temas ligados à tendências de consumo, o e-commerce no setor agroalimentar e as campanhas de promoção da carne de porco na Colômbia e a prevista para Portugal, Espanha e França.

A tarde do 2º dia do congresso, depois de uma intervenção sobre a motivação pessoal, focou-se num tema até então nunca abordado: A Sucessão Geracional.

Esta sessão desenvolveu-se em duas partes:

  • Uma intervenção contextualizante das particularidades das empresas familiares e da temática da sucessão e necessidade do seu planeamento para assegurar a continuidade da empresa e da união familiar (apresentação a cargo de António Nogueira da Costa, CEO da efconsulting)
  • Um painel de empresários acompanhados cada um de um dos seus filhos a trabalhar no negócio.

Esta mesa redonda moderada por Isaura Morais – presidente da Câmara Municipal de Rio Maior, também ela nascida numa família de suinicultores e, como tal, bem conhecedora das suas particularidades -, contou com a participação das quatro empresas abaixo apresentadas e permitiu destacar o seguinte:

  • Os negócios iniciaram-se com enorme sacrifício do seus fundadores, que começaram por possuir algumas porcas para produção ou andavam de porta em porta a adquirir ninhadas para comercialização;
  • A existência de uma enorme paixão pelo negócio para poder assegurar a dedicação total que o mesmo exige (7 dias por semana e com início às primeiras horas do dia);
  • O papel que os avós desempenharam na captação, motivação e integração dos netos (permitindo que os mesmos satisfizessem a curiosidade e acompanhassem todas atividades independentemente do dia e hora);
  • A tendência e a importância da cooperação para ganhar escala e alcançar outros mercados;
  • A necessidade de se ser muito bom para assegurar a competitividade exigente do setor;
  • A atual coexistência de duas gerações na empresa com a preocupação na passagem de pais (modelo de uma cabeça) para filhos (modelo de trabalho e decisão em equipa) e responsabilidade de continuidade do negócio para no futuro poderem entregar o mesmo às gerações vindouras.

 

Um setor que aceitou abordar o tema e empresários que publicamente apresentam os seus testemunhos, são dois aspetos muito relevantes para consciencializar e relevar a importância para enfrentar e tratar de forma adequada o tema da sucessão geracional nas suas empresas familiares dedicadas à suinicultura.

 

A Valsabor foi adquirida por Fernando Vicente em 2002. Localizada em Alcanede, Santarém, emprega mais de 100 pessoas e possui, entre outras, uma linha de abate de suínos que se distingue pela qualidade do produto final e rapidez (capacidade de abate de 300 por hora). O filho David Vicente ganhou o gosto pelo negócio acompanhando o avô nas suas viagens às terras e feiras para comprar leitões.

Fernando Correia dedica-se ao mundo das aves e da suinicultura à dezenas de anos, agregando uma grande diversidade de negócios correlacionados. Refere que desde sempre preparou os filhos para o trabalho, nas suas ou noutras empresas, considerando que os levou a investir no conhecimento para serem muito bons naquilo que desejassem fazer. Nuno Correia reconhece que não foi um filho fácil mas teve uns pais que o souberam educar de forma fantástica. O menor sucesso nos estudos foi compensado com trabalhos duros no matadouro que o levaram a percecionar a importância da formação e a transformar na pessoa que é hoje. Salienta a importância do rigor, da prestação de contas fidedignas entre pais e filhos e evitar ir trabalhar logo para a empresa da família em detrimento de trabalho noutras entidades. Atualmente é um dos responsáveis pela exportação de carne de porco de produtores portugueses para a China.

Manuel Querido iniciou o negócio com 6 animais, nas Caldas da Rainha, e a partir daí nunca mais parou o crescimento pela via do desenvolvimento, aluguer ou compra. O Gonçalo Querido considera que nasceu com o negócio e desde sempre se lembra que ao chegar a casa da escola ia logo para os porcos e não ver televisão como os colegas. O avô também foi uma referência que o levava de terra em terra na compra de porcos. Considera que o grande desafio atual do negócio
são as pessoas: liderança e motivação

Vitor Menino dedica-se à agropecuária há dezenas de anos, com especial ênfase na suinicultura e toda a sua fileira: da produção à comercialização de forma individual ou cooperativa. Se um filho está mais dedicado à informática e não deseje dedicar-se desde já aos negócios da família, já as duas filhas já estão muito empenhadas: uma na área administrativa e financeira e a Mónica Menino dedicada à produção e comercialização. Esta salientou a enorme paixão pela suinicultura, a importância que o avô teve na mesma ao permitir que o acompanhasse desde muito cedo na ida aos matadouros e a relevância da família neste negócio – facilita em tudo, em especial no acompanhamento dos filhos menores quando ela tem de tarefas que tem de ser executadas aos fins de semana ou a horas inesperadas.

Temas para Reflexão:

  • Na nossa empresa estamos conscientes da importância do tema da sucessão?
  • Temos abordado de forma adequada o desafio da sucessão na nossa família?
  • Não estará na hora de se enfrentar este desafio de forma profissional?

 

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