As Empresas Familiares são micro empresas mas fixam as pessoas no interior e fazem a diferença na zona geográfica de implantação.

A implementação de uma ideia de negócio dá origem a micro-empresas que, dependendo da sua filosofia de continuidade, se transformam em empresas familiares.

A dimensão de uma empresa pode ser medida por variáveis como o volume de negócios, o número de trabalhadores, cuja expressão nacional pode ser desprezível mas, localmente, assumir proporções de grande impacto.

O estudo “Empresas familiares da Região Norte: Mapeamento, Retratos e Testemunhos”, de 2018, desenvolvido pela UMinho, ilustra que em termos de faturação a grande maioria são micro empresas:

  • 65% fatura menos de €250 mil;
  • 22% entre €250 e € 1 milhão;
  • 13% mais de €1 milhão,

o que se reflete como um ponto débil à sua sustentabilidade futura.

No entanto, a virtuosidade e o impacto de negócios familiares com estas caraterísticas devem ser especialmente analisados no contexto e importância relativa da sua implantação geográfica.

Uma parte significativa dos mesmos pode ser um polo de fixação ou até mesmo de atração de pessoas na sua área de influência, combatendo a desertificação, por um lado e, por outro, a aglutinação de pessoas num número reduzido de centros e com reduzidos níveis de qualidade de vida.

A paixão de Maria Helena Ramos e Henrique Marques pela outrora freguesia de Brufe – Terras de Bouro, Parque Nacional da Peneda-Gerês – local que possui cerca de 50 habitantes que se dedicam essencialmente à agricultura, levou-os ao desenvolvimento de um restaurante que se pautasse por comida de confeção simples e com recurso a produtos locais de qualidade.

Em dezembro de 2002 surge “O ABOCANHADO”: este nome deriva das expressões locais “o tempo abocanhou” ou “neste bocanho” que pretendem indicar a abertura ou alívio do tempo quando deixa de chover ou nevar.

Este restaurante transformou-se num polo dinamizador da atividade agrícola local, na geração de postos de trabalho e numa dinâmica turística local; algo que aparece bem expresso em “O Restaurante O Abocanhado tem-se revelado um “embaixador” dos territórios de baixa densidade e de montanha, atraindo à região muitos visitantes e turistas amantes de uma cozinha tradicional genuína e servida com requinte.” (fonte: Comércio Com rosto 2010-09-04).

Desde a conceção que o restaurante previa uma componente de integração paisagística nos socalcos típicos do local. O projeto, desenvolvido pelos arquitetos António Portugal e Manuel Maria Reis, e sua concretização foram reconhecidos internacionalmente, ao serem contemplados com a medalha de prata na terceira edição da Bienal Miami Beach 2005 – Architecture, Landscape Architecture, Interior Design, nos Estados Unidos.

Temas para Reflexão:

  • Qual a expressividade local do nosso negócio?
  • Conseguimos uma maior ligação com a área de influência mais próxima?
  • A dimensão atual e prevista do negócio é compatível com a sua sustentabilidade futura?

 

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