Somos sócios há mais de 20 anos e membros da mesma família: 2 gerentes da empresa, 2 familiares que nunca trabalharam na empresa e os herdeiros de um irmão falecido (dois filhos e a Mulher). Entretanto já entraram na empresa duas cunhadas e três sobrinhos. Do ponto de vista familiar damo-nos todos muito bem. Mas do ponto de vista de informação sobre a forma como o negócio está a decorrer, tudo parece muito mais difícil e são já evidentes os sinais de desconforto. Os familiares que não trabalham na empresa e os que trabalham, mas não são gerentes, queixam-se que não sabem nada sobre o andamento do negócio. Como apaziguar os ânimos?

A base de relações de confiança em qualquer organização pressupõe uma boa comunicação e a informação adequada em relação às questões de maior relevância. Quem está bem informado sobre o andamento dos negócios de que é parte interessada, está muito mais preparado para aceitar eventuais oscilações de resultados, compreender as decisões tomadas e confiar na gestão de quem lidera a empresa.

Quem desconhece a forma como a empresa tem evoluído, tende a preencher a ausência da informação com pensamentos especulativos que na generalidade contém uma carga negativa, são base de desconfiança e potenciam sentimentos de hostilidade.

Por isso é indispensável que a empresa familiar estabeleça mecanismos de comunicação adequada junto da família empresária e de todos os seus membros. A figura do Protocolo Familiar prevê como instrumentos fundamentais para a união da família em torno do seu negócio, a constituição da Assembleia de Família, que reúne todos os familiares signatários do referido protocolo e do Conselho de Família que funciona como uma espécie de Conselho de Administração da família empresária.

Estes dois órgãos têm funções distintas, mas os seus objetivos são complementares, nomeadamente e no caso da Assembleia de Família, transmitir as informações essenciais sobre a empresa e o negócio, manter vivos e transmitir os principais valores da família empresária, bem como auxiliar a integrar os novos membros e fomentar as relações interpessoais.

O Conselho de Família por seu turno tem como principais competências, entre outras, informar os membros dos seus direitos, responsabilidades e privilégios relativamente à empresa (sempre em acordo com o Conselho de Administração), desenvolver e manter a visão de futuro para a família e para a empresa e, naturalmente, preservar o legado familiar.

Como se pode verificar estes dois órgãos constituem de per si dois excelentes veículos de informação e comunicação, constituindo canais privilegiados e complementares de ligação entre a empresa familiar e cada um dos membros da família. Deste modo, os níveis de transparência, confiança e compromisso mútuo saem claramente fortalecidos, reforçando-se assim os laços de união entre todos em torno do negócio familiar.

Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 29 de março de 2018

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