Os meus filhos acham que já somos muitos familiares a trabalhar na empresa (eu, os meus três filhos, uma nora e dois primos). Como a empresa já tem 45 anos e eu tenho mais de 80, consideram que, se não estabelecermos as regras para o nosso funcionamento, um dia em que eu não esteja presente ninguém se irá entender. O que devemos fazer?

Em primeiro lugar, deixe-nos destacar o interesse dos seus filhos em relação ao futuro do negócio que criou e que ao longo dos anos desenvolveu com tão grande sucesso. Indicia uma postura profissional, em busca das melhores práticas de gestão, bem como uma saudável preocupação em garantir o legado do seu pai e a salvaguarda das relações familiares.

Na verdade, uma empresa familiar bem-sucedida começa como um pequeno projeto e ao longo do tempo vai crescendo, diversificando a sua atividade, incorporando novos profissionais, integrando membros da família e, em suma, tornando-se mais complexa e exigente na sua gestão. E a relação entre a família empresária e a empresa familiar é uma das componentes que mais preponderância adquire nesta complexidade.

É, portanto, relevante e importante, da parte dos seus filhos, desejarem estabelecer bases de funcionamento para o futuro que sejam claras para todos e objeto de cumprimento, de forma a evitar dúvidas, constrangimentos e conflitos desnecessários.

É neste contexto que surge o Protocolo Familiar como a principal ferramenta que as Famílias Empresárias e as Empresas Familiares podem e devem desenvolver no sentido de assegurar a sua continuidade nas mãos das gerações vindouras. É um processo que define a Constituição da Família Empresária e estabelece as regras essenciais por forma a garantir, por um lado, a união da Família em torno do seu negócio e, por outro, a continuidade da empresa que surgiu do engenho, capacidade e empenho do seu fundador.

Deverá ter em conta que o Protocolo Familiar é, antes de tudo, um processo de aprendizagem, reflexão e decisão, pelo que deve ser visto como um tempo estruturado de diálogo e de geração de consensos, no qual os diferentes membros da Família constroem e definem qual deve ser o futuro da Empresa e da Família Empresária. É por isso e por si só um fator de agregação e união de todos os elementos da Família.

Neste contexto, parece estarem criadas as condições para despoletarem o processo de desenvolvimento do Protocolo Familiar, e assim assegurarem a união da família na manutenção deste significativo legado que é a empresa.

Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 23 de fevereiro de 2018

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