As Empresas Familiares possuem sotaque do norte, do centro do sul e ilhas, pois estão disseminadas por todo o país.

O Centro Interdisciplinar da Universidade do Minho, em co-promoção com a AEP, desenvolveram um projeto, apoiado pelo Norte 2020, com o objetivo de efetuar um estudo detalhado do tecido empresarial familiar do norte do país.

O resultado é um trabalho pioneiro e inovador, que partiu de uma base de dados de mais de 44.000 empresas familiares, e uma amostra de cerca de 1.200 sociedades que responderam a um detalhado questionário.

Um dos pontos de partida e justificativos deste empreendimento foi o reconhecimento da importância das sociedades familiares para a coesão territorial, ao serem entidades estáveis e com fortes ligações ao meio onde estão inseridas, nomeadamente pela criação e manutenção de emprego.

A minha participação neste empreendimento, em especial na dinamização dos workshops realizados nas distintas NUTS III e no relatório, permitiu um fantástico contacto com múltiplas e distintas realidades dos negócios familiares e seus líderes, bem como das estruturas locais (associações e Câmaras Municipais) que se esforçam por proporcionar condições para que estas se fixem e desenvolvam nas suas regiões.

Neste contexto, e como singelo reconhecimento pelo grandioso papel desempenhado pelas empresas familiares, dedicarei os próximos artigos, de reflexões sobre empresas familiares, a analisar dados do relatório “Empresas familiares da Região Norte: Mapeamento, Retratos e Testemunhos”, um dos resultados do projeto que foi apresentado em

setembro.

Uma primeira síntese do trabalho surge refletida na matriz SWOT, cujo quadrante relativo aos pontos fortes das Empresas Familiares destaca os seguintes:

  • Contributo para o PIB e o emprego;
  • Atuação transversal dos setores económicos;
  • Dinamismo económico no setor dos serviços e TIC;
  • Fixação de pessoas em regiões mais desfavorecidas e mais afastadas do litoral;
  • Estabilidade e forte ligação às comunidades locais;
  • Visão do(a) fundador(a) e transmissão intergeracional de valores e conhecimento.

Dada a relevância de cada um destes pontos, os mesmos serão abordados de forma mais pormenorizada nos artigos seguintes, e os exemplos suportar-se-ão em negócios de diversas dimensões e típicos das empresas da região. Contudo, este será ilustrado por um caso que não representa a “típica empresa familiar” portuguesa, mas que, por estes dias, teve uma cobertura mediática a nível global e exemplifica a quase totalidades dos pontos fortes referenciados.

A 21 de setembro de 2018, cerca de 11 anos após ser fundada, ocorreu o primeiro IPO de uma start-up portuguesa na bolsa de Nova Iorque. Principais dados: preço de venda inicialmente previsto – $15 a $17; preço de venda – $20; preço de fecho 1º dia em bolsa – $28 e ainda nunca teve lucros nem sabe quando os vai alcançar!

José Neves, aos 44 anos, vê a sua posição de cerca de 15% valorizada em mais de mil milhões de dólares, e a empresa a valer algo como mais de $2.500 por cada um dos cerca de 2,3 milhões dos seus clientes.

Considera-se uma empresa tecnológica, e o seu fundador diz “somos o elo de ligação entre uma base global de consumidores e uma indústria da moda de luxo que é altamente fragmentada — e assumimos o papel de principal parceiro de inovação para esta indústria”.

Uma empresa que leva produtos a 190 países, com principais filiais em Guimarães, Porto e Lisboa, emprega mais de 2.400 pessoas

Temas para Reflexão:

  • Quais são os efetivos pontos portes da nossa empresa familiar?
  • Estamos a valorizá-los e a potenciá-los de forma assertiva e sustentada?
  • O que podemos fazer para transformar outros elementos em forças de desenvolvimento?
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