Somos uma empresa com 40 anos com uma composição de cinco sócios algo complexa. Dois sócios são irmãos e sucessores do fundador da empresa, outros três sócios não têm ligações familiares. Entretanto, já trabalham dois filhos dos sócios na empresa. Um é neto do fundador e o outro é filho de um dos sócios que não pertence à família. Neste momento a confusão é grande porque na empresa já não se sabe quem é o responsável por quê e os mais novos têm aspirações a liderar a empresa. Que fazer?

A sua questão é um excelente exemplo da complexidade que pode existir no âmbito das relações inerentes às empresas familiares em várias vertentes, nomeadamente, no que respeita às relações familiares em sentido estrito, as suas implicações com a complexidade da estrutura acionista existente na empresa, o peso dos diferentes acionistas e dos diferentes ramos familiares e todo o seu impacto na gestão do dia-a-dia da organização. Não é possível deste modo dar uma resposta direta à questão que coloca.

Fazer parte de uma estrutura acionista de uma empresa familiar (mono ou plurifamiliar) e integrar por isso uma família empresária é um desafio permanente, cheio de oportunidades, mas também sujeito a dificuldades e obstáculos ao longo do tempo que pode levar à erosão do próprio negócio. A perda de uma linha estratégica orientadora e um sentido para a empresa pode ser uma consequência do desgaste inerente.

Por isso e para que cada opção seja assente em bases sólidas de conhecimento da realidade da empresa e das relações existentes entre familiares, sócios e não sócios, nomeadamente no que respeita às questões que coloca na sua pergunta, é fundamental fazer um bom diagnóstico da situação atual.

Esta é uma ferramenta essencial para começarmos um processo de clarificação da opinião de todos os intervenientes em relação às questões essenciais, estabelecimento dos pontos de consenso e daqueles que precisam de ser alvo de “negociação” entre as partes. A clarificação e a tomada de consciência em relação às questões essenciais no que respeita à família, à empresa, à relação família – empresa e mesmo no que respeita à propriedade são determinantes para podermos aferir das áreas de maior necessidade, e do melhor caminho a seguir com vista a garantir a perenidade do negócio familiar e a união da família empresária em torno do seu negócio familiar.

Ao realizar um diagnóstico geral e aprofundado, perceberá a dimensão correta da realidade que nos desejou transmitir e terá uma noção muito mais clara do que está em jogo e da forma como deverão ser abordadas cada uma das questões emergentes.

 

Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 27 de outubro de 2017

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