A nossa empresa é detida a 100% pelos meus pais, que já possuem uma idade avançada. Somos cinco irmãos, sendo que dois assumem cargos de Direção na empresa. Os outros irmãos não têm qualquer atividade relacionada com o negócio.
Os meus pais estão a pensar transferir as suas quotas igualmente por cada um dos filhos, mesmo pelos que não trabalham na empresa. Será correto? Quais as principais implicações?

Não é possível responder de forma sintética a esta complexa pergunta. Assim estruturamos a resposta apresentando as seguintes, entre outras possíveis, perspetivas:

  • Pais: desejam ser justos, pelo que o natural é distribuir a empresa de forma igualitária pelos filhos e certamente que eles se entenderão;
  • Filhos: merecem receber de forma igualitária o património dos pais, o que não significa que se tenha de dividir tudo por igual (uma casa certamente não será dividida em 5 partes);
  • Filhos dirigentes da empresa: estão e vão dirigir a empresa de todos, pelo que se sentiriam mais confortáveis se, pelo menos, não ficassem com uma posição minoritária (ou seja, os irmãos de forma conjunta ficam com a maioria das quotas da empresa);
  • Filhos não trabalhadores na empresa: ao serem sócios maioritários da empresa com uma gestão exclusiva dos irmãos minoritários, sentir-se-iam mais confortáveis se pelo menos tivessem um representante na gestão;
  • Empresa: o ideal é existir uma solução de consenso entre os sócios para que a sua atividade normal não seja afetada por divergências.

Encontrar a resposta ao “será correto”, deveria passar por tentar conciliar estas distintas e naturais posições. Algo que pode e deve ser concretizado por um processo – em que todos os interessados participem – de escuta, debate e facilitador de uma posição consensual (normalmente é facilitado se for conduzido por uma pessoa externa).

As “principais implicações” é que esta via permite que cada um dos interessados possa manifestar a sua opinião, empenhar-se num cenário construído por consenso e assim assumir um compromisso associado a uma solução que é a mais benéfica para todos.

Nota: Este texto faz parte da coluna “Empresas Familiares – Perguntas e Respostas“, publicada no jornal “Metal” de 29 de setembro de 2017

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