A empresa familiar é muitas vezes associada a conflitos que a podem afetar.

Decerto os esforços das empresas familiares para conhecer e mitigar as externalidades presentes nas operações realizadas e assistidas nas respectivas cadeias de valor, mostram o olhar para o princípio da transparência no modelo de gestão, como também, acabam por comunicar a energia dedicada à compreensão do ambiente sistêmico no qual elas estão inseridas; alcançando as boas práticas de governança e vivências dos protocolos familiares.

Há também o empenho de energia quando são considerados os públicos de relacionamento (e.g. Governo, Sociedade, Investidores, Colaboradores, Fornecedores, Clientes e Acionistas) e as influências que eles produzem nas condições sócio-políticas-econômicas para a criação de um ecossistema empresarial que considere as janelas competitivas alinhadas ao desenvolvimento do negócio.

O presente texto chama à atenção para aquilo que pode impedir, limitar e desfazer esses e outros progressos alinhados à estratégia empresarial. Tratam-se dos conflitos na empresa familiar que acabam por prejudicar a própria sobrevivência do negócio, impedindo até a melhoria do cenário econômico de todo um país.

Por exemplo, esses conflitos podem ser deflagrados por crenças que cristalizam o processo de sucessão empresarial em um único evento, com pouca conscientização sobre o cenário complexo e multirreferencial que ele ocorre; e que acaba por ficar como desconhecido e/ou pouco presente na comunicação e continuidade do negócio.

A Associação Empresarial de Portugal (AEP) disponibilizou um diagnóstico sobre essa problemática em 2011. Seguem alguns números com relação à economia portuguesa:

  • Das 350.000 empresas contabilizadas até aquele ano, 99,5% são pequenas e médias empresas (PME).
  • 80% das PME são de cadeias familiares, respondem por 60% do Produto Interno Bruto (PIB) e são responsáveis por 50% dos empregos.

Na sequência, há números com olhar à continuidade do negócio:

  • 50% dessas empresas passam para a segunda geração.
  • 20% delas passam para a terceira geração.
  • 83% contam com o sucessor vindo de dentro da empresa.
  • 9% escolhem o sucessor fora da família, mas no atual quadro de colaboradores.
  • 3% trazem o sucessor fora da família e fora do atual quadro de colaboradores.
  • 2,7% escolhem outra opção.
  • 2,3% acabam por vender a empresa.

Assim, as empresas familiares mostram a sua importância para Portugal ao contribuírem significativamente ao PIB e para a criação/manutenção do emprego. Estes fatos nos convidam a refletir sobre os modelos à administração de conflitos para identificá-los e classificá-los com a missão de torná-los: visíveis, acolhidos e gerenciáveis em espaços de aprendizagem organizacional.

Sou grato ao amigo António Nogueira da Costa – CEO da efconsulting® pelo convite à escrita deste texto; o qual marca o início de uma sequência de outros que trarão as principais causas de conflito na empresa familiar, ampliando o olhar à sucessão e alcançando aquelas que abrangem os: relacionamentos societários, objetivos empresariais e interesses da família.

(Texto escrito em português Brasil)

PS – O Leandro Alves é um profissional brasileiro especialista na construção, execução e entrega de projetos à transição cultural e ao desenvolvimento da liderança, com forte presença em empresas familiares nos respectivos momentos sucessórios. Dado o seu interesse e trabalho na temática dos negócios familiares, desafiei-o a desenvolver artigos temáticos para se publicar no site da efconsulting. Agradeço-lhe ter aceite este repto apresentando esta primeira colaboração de contextualização, sendo que se seguirão outros que refletirão sobre causas de conflitos típicos nas sociedades familiares.

 

Leandro Alves da Silva.

Learning & Development Business Partner e docente do ensino superior.

https://www.linkedin.com/in/leandro-alves-da-silva-a226764a/

 

 

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