A trajetória do Presidente da empresa familiar que vem de uma outra Empresa

O rosto do presidente da empresa familiar é, na maioria dos casos, identificado com a própria empresa, em especial quando está perante o fundador da sociedade.

Não é por isso de estranhar ver a liderança da empresa familiar ser tradicionalmente assegurada por pessoas da família. O estudo da Reynold Russel veio salientar que, quando tal não acontece, existem algumas particularidades na seleção do líder externo à família e empresa:

  • cerca de dois terços vêm de outra empresa familiar (80% no caso da Alemanha);
  • em metade dos casos são do mesmo setor de atividade;
  • origem em multinacionais ou empresas cotadas.

O recurso a líderes externos pode proporcionar significativas oportunidades – implementação de novos modelos de governo, profissionalização da estrutura organizativa, entrada em novas áreas de negócio, novas metodologias e sistemas de informação, etc. – que devem ser aproveitadas para gerar vantagens comparativas na empresa familiar

 

Aveleda – Os primeiros registos de venda de vinho engarrafado datam de 1870, pela mão de Manuel Pedro Guedes, e os primeiros prémios seculares do séx XIX – medalhas de ouro de Berlim (1888) e Paris (1889). A 5ª geração da família Guedes continua a liderança sempre assegurada por seus ascendentes.
Riopele – Quando em 1927 José Dias de Oliveira fundou a Riopele, certamente não imaginaria que a mesma, quase um século depois, se transformasse numa das maiores têxteis nacionais, com vendas essencialmente no mercado externo e uma capacidade extradordinária dos seus líderes familiares enfrentarem momentos difíceis e identificarem e agarrarem oportunidades de continuidade como empresa da família.

Jerónimo Martins – Luis Palha assumiu a liderança no período de transição entre Alexandre e Pedro Soares dos Santos. Licenciado em Economia e em Gestão. Foi assistente na Univ. Católica, administrador de várias empresas privadas e públicas e Secretário de Estado do Comércio. Antes de assumir a liderança executiva da Jerónimo Martins era administrador da CIMPOR. Foi substituído por Pedro mantendo-se como administrador não executivo.
Mota-Engil – Jorge Coelho sucedeu a António Mota. Estudante de Engenharia e Licenciado em Gestão. Teve um percurso profissional focado em cargos de nomeação política, tendo sido chefe de gabinete de vários Secretários de Estado, antes de assumir ele também uma destas funções. Foi Ministro de vários ministérios: Presidência, Obras Públicas, Estado, tendo-se demitido aquando da queda da ponte de Entre os Rios. Após saída continuou a assumir a coordenação de campanhas eleitorais pelo seu partido e tornou-se empreendedor ao fundar uma empresa dedicada à produção de queijo da Serra da Estrela. O seu sucessor foi outro membro não familiar: Gonçalo Martins

Temas para Reflexão:

  • Historicamente quem tem assumido a liderança da empresa?
  • O próximo líder da sociedade deveria ter que tipo de perfil?
  • Estamos preparados para entregar a condução dos negócios executivos a um externo à família?

 

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