Eu gostaria de trabalhar numa Empresa Familiar porque … (II/VI)

… possui uns valores de base distintos

Os valores essenciais que suportam a existência dum negócio familiar foram o segundo principal motivo, apontado pelos inquiridos no relatório da Egon Zehnder, para desejarem trabalhar numa empresa familiar.
A título de curiosidade, atente-se numa leitura geográfica dos resultados: as regiões suportadas em culturas mais ancestrais tiveram respostas menos significativas (apesar de também representarem o segundo motivo para trabalhar na empresa) que a das Américas (onde este foi considerado critério foi o que obteve a maior pontuação).
Sendo os valores pilares essenciais sobre os quais se constrói uma organização, a sua maior solidez, ou grande fragilidade, mais cedo ou mais tarde terá reflexos significativos na empresa. Como um dos grandes objetivos das entidades familiares é a sua continuidade ao longo das sucessivas gerações, devem ser devidamente ponderados, definidos, praticados e passados a todos quantos se relacionem com a empresa.
A enorme responsabilidade por estas ações associadas aos valores recai sobre duas entidades:

• a família detentora: na definição e supervisão da sua aplicabilidade e
• a gestão da sociedade: na sua assunção e implementação prática.

Neste contexto torna-se imperativo que este órgãos, periodicamente, analisem e reflitam sobre se as práticas da empresa estão conforme os seus reais valores.

A raiz grega de Eleutério significa “homem livre” e foi com este espírito que, em 1925, Eleutério Antunes abre em Travassos a sua oficina de ourivesaria. Esta aventura não surgiu do nada, pois 30 anos antes o seu pai, Manuel Antunes, tinha-o iniciado na aprendizagem da ourivesaria tradicional.
A sua especialização na técnica da filigrana e a sua capacidade para inovar nas peças que ia produzindo (uma réplica do castelo da Póvoa do Lanhoso) permitiram obter elevados níveis de notoriedade e reconhecimento.
Ao longo dos tempos, a família Antunes tem conseguido assegurar a continuidade da empresa em suas mãos – primeiro para o seu filho João, em 1975, e depois deste para Rosa e Luísa Antunes, dois dos seus 7 filhos – desenvolvendo o negócio e adaptando-se à evolução do mercado.
Estes dois líderes da 3ª geração, no final da primeira década deste século, lideraram uma reestruturação da empresa e sua estratégia que passa por reinventar a arte da filigrana elevando-a à categoria da mais alta joalharia: recurso a novos materiais, inclusão de pedras preciosas e em novo design. Esta aposta está a singrar, sendo possível ver-se as peças da Eleutério ao lado de marcas como a Ferrari ou a Rolex.
Rosa numa entrevista concedida à revista UP, em 2013, define muito bem os valores distinguem a empresa da família “Somos uns eternos insatisfeitos, estamos sempre à procura de ser diferentes, reinventando as nossas tradições e o nosso património, superando desafios.”

Temas para reflexão:

• Quais são os principais valores da nossa família?

• Esses valores refletem-se nos valores e atitudes da nossa empresa?

• Podemos evoluir suportados nesses valores ou necessitamos de os reinventar?

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