Às Empresas Familiares associa-se um dos principais e mais diferenciadores conceitos: um legado que deve ser melhorado, ou no mínimo mantido, e passado às gerações seguintes. 

Com este princípio bem presente numa entidade, qualquer gestor profissional irá pautar as suas atuações por estratégias ou objetivos de longo prazo:

  • Plantar árvores ou vinhas cuja grande valia só será reconhecida muitas dezenas de anos depois (Quinta do Vallado);
  • Reconstruir e adaptar imóveis de grande valor histórico a fins empresariais, com opções alternativas muito menos dispendiosas (Paço de Calheiros);
  • Sediar a empresa ou instalações em locais considerados geograficamente menos ajustados (Cafés Delta);
  • Manter processos artesanais em detrimento de ajustes mais racionais e rentáveis (Licor Beirão); etc.

Tomar tais decisões nos contextos apresentados e cujos réditos serão, na maioria das vezes, obtidos por outras pessoas e já sem a presença de quem decidiu, não é compatível com a maioria das estratégias de sociedades abertas e cotadas em bolsa, ou cujos gestores são avaliados no seu desempenho por critérios mensuráveis de reflexo mais imediatistas.

Contudo, estes são alguns dos contextos onde as empresas de base familiar costumam e gostam de atuar.

quinta do vallado logo2A Quinta do Vallado, construída em 1716 nas margens do Rio Corgo, um afluente do Rio Douro (Peso da Régua), é uma das mais antigas e famosas Quintas do Vale do Douro.

Pertenceu à lendária D. Antónia Adelaide Ferreira e mantém-se até hoje na posse dos seus descendentes.

Esta propriedade antiga, cujos primeiros registos datam de 1716, pertencendo a Josefa Taveira, foi adquirida em 1818 por António Bernardo Ferreira (tio e futuro sogro de D. Antónia), pertencendo ainda hoje aos seus descendentes (6ª geração).

António Bernardo I faz grandes investimentos nesta Quinta, nomeadamente em vinhas, pomares (o maior pomar de laranjeiras do Douro), estruturas – casa e adega – e também numa azenha no rio.

Um bisneto de D. Antónia, Jorge Viterbo Ferreira, tornou-se o único proprietário da Quinta e fez nela grandes empreendimentos, aumentando-lhe a produtividade. Com a sua morte precoce, o filho Jorge Ferreira assume a administração da Quinta. João e Francisco Ferreira, tetranetos de D Antónia, são os atuais responsáveis e grandes dinamizadores da Quinta.

Possuem mais de 20 hectares de vinhas com mais de 80 anos.

Da colheita de 1866 e de um lote original de cinco pipas de castanho, que por concentração através dos tempos deu origem a apenas duas pipas de 550 lts, lançaram-se 1.300 garrafas do Adelaide Tributa – nesta data estava à venda por 3.089€ (www.luxuriousdrinks.com).

Temas para reflexão:
  • As perspetivas da nossa empresa são de curto ou longo prazo?
  • Quais as componentes do negócio que devem estar afetas a objetivos de longo prazo?
  • Os nossos líderes estão conscientes e atuam baseados nessa expectativa temporal?
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