É das marcas que fazem parte do imaginário dos portugueses e tem um dos pontos fortes na gestão familiar.

A Arcádia foi fundada em 1933 e desde então, sempre nas mãos da família Bastos, tornou-se uma referência no fabrico de chocolates e amêndoas, entre outras especialidades. Reza a história que quando Manuel Pereira Bastos abriu uma confeitaria na Praça da Liberdade, no Porto, esta rapidamente se tornou um ponto de passagem obrigatório dos visitantes da cidade e da alta sociedade portuense.

Com o passar dos anos, o negócio transitou para o filho do fundador, pai de João e Margarida Bastos, atuais administradores da empresa. Os dois irmãos desde cedo começaram a conhecer os cantos à casa e nos períodos de férias da escola davam uma ajuda ao pai, sobretudo no Natal e Páscoa, momentos em que o negócio tinha, e tem, um maior pico de vendas.

Por curiosidade, João e Margarida Bastos iniciaram as carreiras em setores diferentes do negócio dos chocolates. João esteve durante 25 anos na Sonae e Margarida, farmacêutica, trabalhava em análises clínicas. Em 2001, e após a morte do patriarca da família, os irmãos tomaram conta da empresa e tiveram de tomar decisões: terminar com o negócio ou reinventar a marca e investir em novas lojas. A opção passou pela segunda hipótese.

A partir dessa data, colocou-se em marcha uma estratégia de crescimento que tem dado frutos. Primeiro foi o alargamento do número de lojas no Grande Porto, expandindo-se depois para Lisboa em 2009 e posteriormente para outros pontos do país. “Desde 1933 nunca tínhamos saído do Porto, mas tínhamos a noção de que a marca era conhecida na capital. Era essencial chegar a Lisboa, um mercado com outra dimensão e poder de compra”, afirmou João Bastos numa entrevista recente.

A aposta foi um sucesso e hoje a Arcádia, que fatura cerca de cinco milhões de euros anuais, tem uma rede de 23 lojas no país, abastecidas pela fábrica que a empresa tem na Rua do Almada, no Porto.

Núcleo pequeno facilita gestão

Ao contrário de outras empresas familiares, que possuem vários elementos da família em cargos de liderança, esse problema nunca se colocou na Arcádia, onde o núcleo foi sempre pequeno. “Por vezes, as famílias são grandes, com muita gente, ramificações e sensibilidades. As dificuldades de uma empresa familiar surgem quando as empresas se alargam de tal modo e depois vem o primo, o tio, os casamentos, as facções, um gosta, outro não gosta, e uma empresa nessas condições torna-se quase ingerível”, frisou João Bastos, convicto de que tal não sucederá na Arcádia: “se a Arcádia passar para a quarta geração, serão duas, três ou quatro pessoas, é manejável”.

 

(Bruno Amorim)

Publicado no “Especial Empresas Familiares” do Jornal de Notícias de 2014/07/04 integrado no âmbito da conferência “A Sucessão da Liderança na Empresa Familiar”

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