Entrevista com Paulo Ramalho, vereador do Desenvolvimento Económico e das Relações Internacionais da Câmara Municipal da Maia (Jornal de Notícias de 2015/07/03).

É a cidade anfitriã da primeira conferência sobre “Empresas Familiares” que o JN e a TSF, em parceria com a efconsulting e a Citroën, vão realizar, no dia 9 de julho, e que terá como tema “A sucessão da liderança na Empresa Familiar”. O tecido empresarial da Maia concede, atualmente, 65 mil postos de trabalho, garante Paulo Ramalho, vereador do Desenvolvimento Económico e das Relações Internacionais da autarquia. O mesmo responsável afirma que “10% do território municipal está alocado a Áreas de Acolhimento Empresarial” e que o evento da próxima quinta-feira pretende “alertar os empresários para problemas que podem e devem ser evitados e, ao mesmo tempo, adiantar caminhos e soluções”.

Do ponto de vista da Câmara da Maia, qual a importância das empresas familiares para a economia da região e do país?
Devo realçar o contributo que o tecido empresarial que se instalou na Maia ao longo dos últimos 30 anos, tem prestado ao desenvolvimento do município, designadamente a nível da produção de riqueza e postos de trabalho, contribuindo para sua atratividade. Recordo que a Maia em 1981 possuía cerca de 81.500 habitantes e hoje já ultrapassa os 135 mil, sendo o município que mais tem crescido na Área Metropolitana do Porto. Por outro lado, constituído por mais de 20 mil unidades empresariais, entre micro, pequenas, médias e grandes empresas, e ligadas aos mais diversos setores de atividade, desde serviços e comércio, à indústria transformadora e pesada, às tecnologias mais avançadas, o nosso tecido empresarial oferece cerca de 65 mil postos de trabalho, um valor superior ao da população ativa da Maia, na ordem das 63 mil pessoas. Acresce ainda que a Maia é, atualmente, o terceiro município mais exportador da região Norte e o nono a nível nacional. Daí que seja enorme o contributo que o tecido empresarial da Maia oferece à economia da região e do país, sendo que uma boa parte das empresas sejam familiares, como a Sonae, a Cerealis, Tintas 2000, CIN, Frulact, Garland e muitas outras.

Que relação tem a autarquia com este tipo de empresas?
Acima de tudo, procuramos fazer um acompanhamento próximo das necessidades do tecido empresarial, tentando encontrar soluções à medida das suas ambições e dos novos tempos. Recordo que 10% do nosso território municipal está alocado a Áreas de Acolhimento Empresarial, traduzidas em 14 espaços perfeitamente delimitados no território, dotados de todas as infra-estruturas e vocacionados para a atividade empresarial produtiva dos setores secundário e terciário. Espaços que não conflituam com as zonas de habitação, e que portanto, permitem às empresas desenvolver a sua atividade sem conflito com as populações locais. Construímos também uma estrutura municipal vocacionada para apoiar os empresários nos seus processos de investimento, a qual disponibiliza ainda apoio na internacionalização junto das regiões com quem a Maia tem relações privilegiadas. As ações de diplomacia são hoje uma prioridade, no sentido de promover não só as potencialidades do nosso território, mas também das instituições e empresas, no plano internacional. Por último, acrescento a vontade de promovermos uma participação mais ativa da comunidade empresarial na definição de políticas municipais que lhes digam respeito, traduzida numa relação de discussão e cooperação constante com a Associação Empresarial da Maia.

Como é que vê este tipo de iniciativas – Ciclo de Conferências “Empresas Familiares” – e porque decidiu o município associar-se ao mesmo?
Esta é mais uma ação de apoio ao nosso tecido empresarial. Já em 2011, promovemos uma importante reflexão sobre esta matéria, que mereceu grande adesão dos empresários. Não podemos esquecer que uma grande parte das empresas instaladas na Maia, como no país inteiro, assenta em estruturas de ordem familiar, do ponto de vista societário ou da própria gestão. E todos conhecemos os desafios que estas realidades empresariais enfrentam, designadamente quando confrontadas com a integração de novos elementos da família, fruto de processos de sucessão, não raras vezes, mal conduzidos. É o clássico problema da transmissão da gestão das empresas de pais para filhos e da própria partilha de heranças. E todos conhecemos exemplos de empresas sólidas de grande sucesso, que não conseguiram resistir ao fatal destino da mudança geracional. É sobre esta problemática que pretendemos refletir, partilhando conhecimentos e experiências com especialistas europeus como Miguel Ángel Gallo e empresários que já passaram, eles próprios, por processos de sucessão. Tudo no sentido de alertar os empresários para problemas que podem e devem ser evitados, e ao mesmo tempo adiantar alguns caminhos e soluções. Daí que esta iniciativa se revista da maior importância.

 

Publicado no “Especial Empresas Familiares” do Jornal de Notícias de 2014/07/03 integrado no âmbito da conferência “A Sucessão da Liderança na Empresa Familiar”

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