As plataformas podem assumir-se como um catalisador disruptivo do mercado de atuação das empresas familiares.

Existem investimentos que possuem características de índole estratégica, montantes de investimento ou outras, que não são passíveis de desenvolvimento de raiz por entidades privadas, mas cuja existência não deve ser ignorada e pode ser dinamizada.

O estudo “Empresas familiares da próxima geração: Liderando um negócio familiar num ambiente disruptivo”, da Deloitte, identificou a existência de determinadas plataformas que podem ser potenciadoras de atividades empresariais, nomeadamente exploradas por empresas familiares.

Em diversos mercados é possível identificar-se infraestruturas como:

  • Portos de mar – que permitem desenvolver atividades piscatórias ou visitas marítimas (Angra do Heroísmo);
  • Lagos ou barragens – que potenciam atividades hoteleiras ou de produção agrícola (barragem do Alqueva);
  • Pontes ou parques naturais – onde se podem desencadear atividades de exercício ao ar livre (Serra da Estrela);
  • Linhas férreas – que facilitam transporte de mercadorias ou viagens turísticas (linha do Douro);
  • Eventos comemorativos – exploráveis por distintas atividades (fogo de fim de ano no Funchal);

que devem ser devidamente analisadas e, sempre que possível, alvo de exploração comercial.

Esta abertura pode possibilitar vantagens a todos os intervenientes: às entidades proprietárias, porque permite gerar receitas ou impostos, às empresas que podem desenvolver uma atividade de valor acrescentado, aos clientes que podem desfrutar de algo que, de outra forma, estaria abandonado ou indisponível.

O rio Douro possui cinco barragens com eclusas – a de Carrapatelo, com um desnível de 35m é dos maiores do mundo – que, desde 1986, com a construção da que está incluída na barragem de Crestuma-Lever, permite a navegação desde a foz, no Porto, até Barca d’Alva.

A Mystic Invest é a holding familiar de investimentos controlada por Mário Ferreira, empreendedor mais conhecido por ser o rosto da sua mais visível empresa – Douro Azul, e que fez parte do grupo do programa português Shark Tank.

A sua veia empreendedora tem raízes nos 14 anos, quando começou a trabalhar e a estudar em Summer Camps em Inglaterra, país para onde emigrou aos 16 anos.

Aos 19 anos geria um restaurante, em Chelsea, que lhe proporcionou a oportunidade de conhecer Cunard, que o convida a ir trabalhar nos seus transatlânticos (Queen Elizabeth).

 

Em 1992 regressa a Portugal, abre o restaurante Avó Miquinhas e, em 1993, com 25 anos, adquire o 1º barco e inicia a sua dedicação à atividade turística com base marítima. Em 1996, com a Douro Azul, fecha o 1º contrato com um operador inglês para a utilização exclusiva do único navio-hotel a navegar no rio do Douro.

Depois de levantar a âncora nunca mais parou. Ao longo destes 25 anos passou a explorar ou comercializar cruzeiros fluviais nos principais rios do mundo; entrou no ramo hoteleiro com vários hotéis e pousadas; explora percursos turísticos de helicóptero, autocarros de visita à cidade e, em breve, ao espaço com a Virgin Galactic; concebeu e lançou o Discoveries – museu interativo dedicado às descobertas empreendidas pelos portugueses; etc.

A navegabilidade do Douro foi a grande alavanca do empresário Mário Ferreira, que teve a visão, arriscou, investiu muito em comunicação de impacto internacional (aquisição do Spirit of Chartwell – a barcaça do jubileu da Rainha Isabel II, convite para madrinhas de navios de nomes como a Sharon Stone e Sara Sampaio) e, desde março, lidera a Associação das Atividades Marítimo Turísticas do Douro, assumindo a representação dos que recorrem à plataforma do rio Douro para desenvolver as suas atividades empresariais. Excelente escolha, pois também representa mais de 700 pessoas que o seu grupo emprega.

Temas para Reflexão:

  • Existem plataformas na nossa envolvente que possamos utilizar?
  • Conseguimos alertar os decisores públicos para as vantagens de concessionar essas infraestruturas?
  • Como podemos construir um modelo de negócio suportado em plataformas que não nos pertencem?

 

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