Berço de empreendedores: a verdade sobre a empresa familiar é a 1ª parte de um artigo de Eduardo Najjar. Um especialista brasileiro em temas de empresa familiar que vai partilhar com a efconsulting alguns dos seus artigos.

(Nota: Os textos estarão redigidos em português do Brasil)

O tema Sucessão e Governança está sendo analisado pelo mundo corporativo com mais atenção, nos últimos anos, com especial interesse no segmento das Empresas Familiares.

Os resultados da pesquisa demonstram a falta de preocupação das famílias com a modernização da estrutura de seus negócios.

Um dado real, de origem desconhecida, cuja aplicabilidade ao mundo corporativo é total, mostra que somente 60% das empresas familiares logram alcançar a passagem do bastão de seu comando da primeira para a segunda geração e que somente 30% destas conseguem chegar à terceira geração.

Causas? Entre outras, mas quase vencedora no ranking, são os conflitos familiares transferidos para o cenário da empresa.

Outras causas? Falta de informação sobre caminhos conhecidos – hoje em dia – para resolução de conflitos; a ausência de um projeto estruturado de sucessão; o descaso com a formação dos herdeiros que virão ocupar a posição de sócios do patrimônio familiar.

O Núcleo de Estudos de Empresas Familiares da ESPM-SP, criado no ano de 2004, tem por missão apoiar as famílias empresárias, visando minimizar os impactos do cenário comentado no início deste texto, ou seja, evitar que o patrimônio das famílias empresárias tenha um fim menor do que aquele que os fundadores de tais empreendimentos sonharam… um empreendimento que una a família e que transcenda, de geração para geração.

Como parte de sua missão, o Núcleo desenvolveu no ano de 2009, sob a coordenação dos professores Pedro Podboi Adachi e Eduardo Najjar, a pesquisa denominada “Governança e sucessão em cem empresas familiares brasileiras”.

A pesquisa

A amostragem – cem empresas familiares que atuam no cenário nacional – incluiu organizações dos mais diversos segmentos, com pouco mais de uma década de fundação até sociedades familiares existentes há mais de um século; com portes dos mais variados, empregando de 10 a 10.000 funcionários.

Foram analisados aspectos como estrutura societária, sucessão, governança corporativa, governança familiar, processos da gestão e a profissionalização dos negócios da família.

Processo de sucessão

O processo de sucessão mereceu atenção especial na pesquisa por se tratar de um dos momentos mais delicados e decisivos na perpetuação da empresa familiar.

Apenas 34% das empresas pesquisadas registraram a ocorrência de um ou mais processos sucessórios. Dentre essas empresas, foram analisados os motivos que provocaram a sucessão.

A principal causa apontada foi o falecimento do fundador (38%); os conflitos entre sócios (9%); doença do fundador (8%) e saída do fundador (6%) vieram a seguir.

Com este resultado, percebe-se que muitas empresas ainda associam, de forma errônea, a sucessão empresarial com o falecimento. Este erro é muito comum. A sucessão empresarial pode ser comparada com escolha da pessoa que dará continuidade à gestão dos negócios e deve fazer parte da estratégia de qualquer empresa, sem que fique vinculada ao falecimento do fundador. Muitas empresas familiares enfrentam grandes dificuldades e até encerram suas atividades quando a sucessão não é planejada e fica vinculada ao falecimento ou acontecimento inesperado com o fundador ou dirigente familiar.

A pesquisa aponta um resultado preocupante, já que apenas 5% das empresas da amostra possuem planejamento sucessório formal e 40% estão em fase de implantação de um programa dessa natureza.

 

(Continua em próximo artigo – Revista da ESPM, v. 17, p. 84-89, 2010)

Eduardo Rienzo Najjar
Fundador do Instituto Macro Transição, especializado em pesquisa e projetos de consultoria para Negócios Familiare.
Pedro Podboi Adachi
Professor e pesquisador do Núcleo de Estudos de Empresas Familiares da ESPM.

 

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